May 29, 2011

abricó-de-macaco

cinema suiço no rio (fim)

  
o cineasta de hoje comparado ao do cinema novo (nos dois paises) :

"... é mais espectador do mundo do que mudador de mundo... Le désenchantement exacerbe l'individualisme... Notre monde, tout est marchandise et communication. Difficile de trouver des personnages qui cristallisent cette réalité...
Moins de générosité dans le geste... "

(tudo organizado pela Ana Alice e a produtora 3moinhos, eficacidade e gentileza. merci merci)


May 27, 2011

cinema suiço no rio


sítio mais inesperado. Frederic Mermoud fala do groupe des cinq. pouca assistência mas atenta. bulle ogier bideau françois simon caras corpos dum antigamente do qual quase que partilho. quase. uma espécie de inocência ( vista de hoje) da qual é difícil não ter inveja.

May 26, 2011

largo do carioca


Pieds nus dans des ordures sans nom, le corps humilié depuis si longtemps qu'il en a acquis une espèce d'orgueil, il sent l'orange. Très fort.

Lost in translation? Perdição paralela.

Para botánico, a eternidade pode estar em dar o nome a uma flor. Árvore, erva, musginho, tanto faz. Mais, melhor.
O fim da eternidade, esse, abrupto, pode vir por meio suave: tantos herborizando, dois deram o nome à mesma planta. Um tempo, os dois existem paralelos. Nascem mal-entendidos, a comunidade escolhe um. O outro? O outro cai em sinonimia.

May 25, 2011

going under, feeling nothing

The plane takes maybe 200 people. Each of us has a personal screen.
An average movie lasts 100 minutes, the oversea flight last 10 hours,  that's 6 movies worth of flying.
Two people are working, and two more reading. This is not a night-flight.
Jet-flight almost abolishes distance. Cinema, paradoxically, abolishes movement by giving us an inner sense of it. 
The beautiful and dangerous manipulative power of film, here very obviously stripped down to one of its bare truth:
an anesthesic. so powerful it's scary. Even sleep looks like a more lively occupation then this overdose of entertainment.

We could be going under in flames, as long as there is a movie to watch, who cares.
Actually we are going under in flames, and there are movies to watch.

is it possible to escape the anesthesy effect?

May 22, 2011

primeira noite do florescer das tílias.
no ar, o mel entre mil reconhecível, o delas.

cycle pas vélo

Une jeune femme pleure désespérément, le front appuyé sur l'épaule de son mari. Sa bouche tremble de cris silencieux qui lui donnent quelque chose d'un bébé qui n'a pas fait sa sieste. Soudain elle s'arrête, s'essuie les yeux. En une seconde sa figure bouffie  de sanglots retrouve une couleur normale. Son visage perd toute relation avec sa terrible peine d'il y a un instant. Elle boit une gorgée d'eau. Sourit à son mari - dans leurs mains jointes les alliances se touchent.
Et puis le chagrin la rappelle, le contrôle lui échappe : de nouveau elle enfouit sa tête, de nouveau elle pleure rouge, de nouveau elle aspire à soi toutes les compassions. Après trois minutes de pure détresse, elle s'arrête. S'ensuivent deux minutes de calme, et puis le cycle recommence.
Pauvre planète qui gravite autour d'un soleil de douleur. Son jour et sa nuit.
"pessoas que aceitam a realidade como ela está não conseguem viver. Ou nos dá a vontade de nos envenenar ou temos de criar qualquer coisa"

May 18, 2011

mapa do tesouro

há uns anos li um livro.
hoje fui aos sítios em que o livro vive.
fui com sorte e fui com mapa, desenhado por quem escreveu,
lápis azul, letra difícil.
que tesouro!
(submerso tanta chuva)
sonoro e merecido como as vezes uma bofetada
o tesouro :
ver que quem escreve não descreve
óbvio, não?
ver, não perceber.
ver assim com o primeiro olho da manhã
quem escreve escreve
insemina
o tesouro pobre tesouro submerso está em todo o lado
oferecido
oferecido


quem sabe escrever escreve
e eu repentinamente cega tive de reaprender
nos cachos de chuva o que sempre soube quase sempre
ninguém escreve o que está
pelo que quem filma só pode filmar o que está
pode colocar lá o que estará quando filmará
mas só filma o que está.
faço tudo

May 17, 2011

Global Tourism Network

le seul Ailleurs qui existe réellement est à l'intérieur des autres.

May 16, 2011

Schengen, ou là où je voulais en venir l'autre jour...

est-ce qu'on arrivera à éviter que la frousse de manquer ne referme les frontières?
cliquez, ça aide à voir

May 15, 2011

Pequeno almoço no quiosque à sombra dos plátanos. Dois estudantes nortenhos de calções, ressacados da noite passada.  O azul do céu aberto na mesa e a conversa gira sobre  o defeito da Luisa Ramos, que mal chega à qualquer lado, logo quer ir embora. Já agora, à que praia vamos? Algés, outra vez não.
Uma beldade esguia em trajes de mostrar a preguinha da nalga navega entre as mesas. Eles, os únicos que não lhe ligam pevide. Claro, vem sentar-se à mesa deles.
Não é a Luisa, é a namorada do magrinho.
A conversa muda para assuntos de almoço. O problema do pique-nique.  Alguém que ainda está a dormir. A namorada volta a levantar-se, vai tratar das empadas.
Então o magrinho, de chofre, para o amigo :
Já não vou ao casamento, eles estão socialmente atrasados, em relação a nós.

May 13, 2011

"Gewonnen wird die Humanität nie in der Einsamkeit"

"Die Funken sehen sich und jeder flammt heller, weil er andere sieht". Hannah Arendt

May 11, 2011

May 10, 2011

May 8, 2011

May 5, 2011

le bon bûcheron


de l'usage des coins pour précipiter l'écroulement des imprenables forteresses. 

la petite perte d'un objet - utile, ou aimé - soudain fait fente, s' y engouffre ce qui devait rester au-dehors, et ce qui était un bloc devient absurdement vulnérable, cassable.

inveja

Ter crescido numa família onde não se usa a palavra inteligente. Apenas : "este tem mais palavras para falar, aquela é mais rápida para perceber. "

May 4, 2011

May 3, 2011

está combinado, não se fala de dor

..." ele a rir mais, para o lado, a esconder os dentes, o riso dele agudo e grave ao mesmo tempo - "Oh! Que loucura. Assim vai haver dias em que vamos ficar mudos..." Limpava o gargalo amarelo da garrafa para entreter as mãos. "Está combinado, não se fala de dor." Ele acendeu um cigarro. Deitou-o fora.
     Naquele momento, o bar podia levantar-se sobre as próprias canas, deslocar-se durante um quarto de hora e voltar ao mesmo lugar com eles lá dentro. Pousar devagar. As aves podiam partir levando no bico a ponta das ondas. O mar poderia ser erguido no ar pelo impulso das aves. Com o fundo do Oceano aberto, gente que estivesse exilada num outro mundo, à espera, poderia vir acolher-se aqui, para fundar uma colónia nova. Gente que se recusasse a falar da dor, isto é, do mal. Isto é, que fosse inocente não por inocência, mas por discernimento. Isto seria possível? "Vamos ver. Nunca falar da dor. Ah! Ah! Como irá ser isso, vamos ver..." - disse ele, divertido, baixando-se para sair pela porta do bar. Fazendo-se leve para não quebrar aquele desenho de tábua erguida na areia da Ria. Levando-a depois, pelo braço, ao longo da ponte de madeira, durante a qual ele teria tido mil oportunidades de a beijar. Mas não, ela pensava que ele guardava os beijos para a Divina. Ele só a puxava, trazia-a contra ele, afastava-a, fazia-a dançar na saia curta, sobre o tapete de tábuas. Ele próprio, desengonçado, bom dançarino. Usava sapatos de ténis brancos, de sola alta, como patins, e dançava em cima das tábuas. Só dançava."

May 1, 2011

futuro, disse o picaroto

chacun, tous, on est comme une espèce de trace du passage que tous ceux qui nous ont précédé. en même temps pointe de  pyramide et mer étale, toute seule et tout le monde.

(mais bon, y'a des soirs de plutôt l'un que l'autre. hein, dis? )